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Caminho para a paz
Se quisermos ser solidários com os outros que sofrem, o primeiro passo é sair do conflito, e o segundo é irradiar paz para o mundo. Mas isso não é tarefa para fracos, nem para aqueles que têm medo do conflito. Por isso, a chave para a paz está em não buscar o conflito e não fugir dele. A chave da paz está em compreender a resolver os conflitos internos, porque a guerra militar é apenas a continuação da angústia por outros meios. O taoísmo e outras tradições orientais têm muito a nos ensinar a respeito da paz duradoura que brota da sabedoria e da força interior. Uma questão básica - do ponto de vista do guerreiro da sabedoria - é saber onde está, e onde não está, o perigo. O ingênuo e o tolo fogem de tudo que é desconhecido, mas não têm medo da autoindulgência nem do comodismo. O guerreiro foge da indulgência e do comodismo - pois sabe que aí está o maior perigo -, mas não tem medo do desconhecido, porque desenvolveu a arte da plena atenção. O Guerreiro - um ser espiritualmente maduro, capaz de ter paz interna em meio a um mundo conflitivo - é dono das suas emoções e não pode ser manipulado com jogos de aparências. Tendo morrido para si mesmo, torna-se invisível, incansável, imperturbável, como uma rocha dura coberta de musgos e vegetação suaves... O sábio é pacifico e forte como uma montanha, corajoso e ágil como um gato, e move-se com a amplitude das nuvens, imperceptivelmente, sem ruído, como se estivesse imóvel... Se conhecermos nosso potencial divino, mas não conhecemos nossos erros e defeitos, para cada vitória sofremos uma derrota. Se não conhecermos nossos erros e condicionamentos, nem nosso potencial divino, perdemos todas as batalhas. Assim, a observação dos nossos erros e dificuldades é de importância crucial no caminho do auto-aperfeiçoamento. A paz vivida pelo ser humano espiritualmente adulto nada tem a ver com passividade, mas é uma paz dinâmica, criativa e alerta. O estado meditativo da mente consiste em observar a realidade como é, no seu ritmo natural, e atuar em unidades com o ritmo universal das coisas. O guerreiro expressa em sua atuação a harmonia e a força das leis da natureza. Quando a massa crítica for atingida, os exércitos deixarão de treinar para matar e passarão a combater a miséria, a mortalidade infantil e a degradação ambiental. Os motoristas renunciarão à alta velocidade e à imprudência, abandonando a pressa exterior em troca de uma existência pessoal mais vital e significativa. Então, milhares de pessoas deixarão de morrer no trânsito das nossas cidades. Com o aumento da sabedoria na vida diária, a violência mental, emocional e física - tanto individual como coletiva - vai ceder terreno para o bom senso. Viver, então, será algo que se faz em sintonia com as montanhas, os pássaros, os outros animais e as nuvens. Para não falar do vento, das árvores e dos grandes sábios que ajudam a humanidade em sua evolução.
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